O Planejamento Estratégico de Comunicação na Segurança do Trabalho

Toda empresa quer prevenir doenças e acidentes relacionados às atividades laborativas, principalmente as que os trabalhadores ficam mais expostos a riscos de acidentes como canteiros de obras, e pátios industriais. Para ajudar na diminuição desses acidentes, é comum que essas empresas criem uma comissão permanente, ou um departamento exclusivamente dedicado a garantir que todas as normas de segurança sejam cumpridas. Esses setores são responsáveis por garantirem que as regras sejam de segurança do trabalho sejam cumpridas, que os colaboradores sejam treinados para evitarem os acidentes, e que haja assistência médica adequada no caso de qualquer dano. Entretanto, será que sua empresa dá a devida importância ao papel da comunicação em todo esse processo?

Muitas vezes os gestores dos departamentos de segurança do trabalho entendem muito sobre suas áreas específicas, mas não dominam a comunicação de forma geral, o que dificulta, e muito, a construção de um plano estratégico de comunicação relacionado à segurança do trabalho.

Mas calma, isso não acontece só na sua empresa, é bem mais comum do que podemos imaginar.

Gestores, líderes, e responsáveis pelos departamentos de segurança do trabalho, na maior parte das vezes pensam que por saberem se comunicar bem, fazem isso o tempo todo de forma espontânea. Eles têm certeza de que a mensagem que estão passando é recebida e compreendida com clareza pelos demais colaboradores. Aí, o planejamento de comunicação com objetivos, justificativas, metas a serem alcançadas e todos os outros itens que o compõe, fica de lado.

A consequência disso é um treinamento ineficiente, que até surte algum efeito, mas não bate as metas desejadas pela empresa. Sem planejamento, não se estabelecem critérios de sucesso, não se identificam as oportunidades de ganho de eficiência, e não há uma avaliação dos pontos a serem melhorados. Quando não há planejamento de conteúdo, técnicas de aplicabilidade dos recursos humanos e materiais e organização das ideias, o custo de uma falha por falta de um trabalho de comunicação eficiente pode ser um acidente grave.

Existem estudos que comprovam a eficiência de um planejamento de comunicação para aplicar cursos e treinamentos sobre segurança do trabalho. A australiana Angelica Vecchio-Sadus, especialista em saúde e segurança corporativa destacou em um artigo que precisamos unir prática e teoria das normas de segurança para que as precauções sejam eficazes, e que ter esses objetivos em um plano de comunicação faz toda a diferença.

Como montar meu Plano de Comunicação?

É preciso ter clara a missão, política e o plano estratégico para saúde e segurança do trabalho de sua empresa. Se esses itens ainda não existem, é preciso cria-los imediatamente. Eles ajudam na hora de delimitar e comunicar a direção dos processos em cada área, e pode até se tornar uma referência na hora da tomada de decisão.

Você também precisa saber quais são seus objetivos, em números e metas, e as prioridades a todos os envolvidos na organização. Criar gráficos indicativos torna tudo mais visível e dá uma visão macro da real situação da empresa. Às vezes o problema pode ser muito maior, ou menor, do que podemos imaginar.

O seu planejamento de comunicação deve envolver, além de dados, o manual de segurança de sua empresa, é neste material que estarão as regras e requisitos mínimos de segurança. A partir do manual é possível elencar em tópicos todos os itens indispensáveis para os kits de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), e as normas de segurança que devem ser adotadas e cumpridas, além de rotina de inspeção, relatórios, etc.

Saia do trivial

Nem toda empresa conta com uma equipe de marketing com experiência, ou tempo hábil para produzir materiais, para isso a solução pode ser a terceirização da formatação das apresentações e soluções em comunicação para chegar a resultados satisfatórios.

Você também pode sugerir um calendário de eventos fixos, como a “Semana da Segurança”, por exemplo, que pode acontecer uma ou duas vezes por ano. Essas podem ser suas ações principais, e você pode ainda, trazer ações complementares ao longo do ano. Organize fóruns, atividades recreativas, dinâmicas, conferências sobre temas específicos, convite profissionais de outras áreas para falar sobre proteção e riscos. O importante é investir tempo e conhecimento de forma assertiva e eficiente para que os treinamentos sejam eficazes.

Organize seus treinamentos

Pensar em outras estratégias não quer dizer que você terá que deixar de fazer os treinamentos que já faz, pelo contrário, será preciso linkar os treinamentos com todas as outras atividades que você planejar. Entretanto, você precisará investir um pouco mais em seus materiais, para que eles fiquem mais eficientes. Comece organizando suas apresentações, elas nortearão você e seus colegas de trabalho durante todo o treinamento, facilitando sua explanação e a absorção do conteúdo pelos colaboradores da empresa.

Organize sua apresentação e enriqueça-a com ilustrações, exemplos práticos, vídeos, enfim, tudo o que possa tornar seu material estimulante. Programas de treinamento que estimulam a pró-atividade funcionam bem para estimular atitudes positivas e construtivas para a saúde e a segurança do local de trabalho.

Todos precisam se comunicar

Quando você passar a se comunicar com mais clareza, automaticamente estimulará que seus colegas de trabalho se comuniquem também. É muito importante envolver toda a equipe neste processo de melhoria, criando campanhas para estimular a comunicação de incidentes e acidentes, denúncias e reclamações de possíveis condições e situações irregulares.

Uma boa estratégia para isso é a confecção de cartazes e materiais que sejam de fácil visualização no ambiente de trabalho. Você também pode montar cartilhas ilustradas com as representações de risco e as soluções para que eles possam absorver o conteúdo fora da empresa.

O mais importante é aprender a falar a língua de sua empresa e dos seus colegas de trabalho. A comunicação eficiente começa pela produção de uma mensagem coesa e que fala a língua de quem precisa atingir.